Reproduzimos abaixo um e-mail de Djan Cripta em resposta ao texto “Pixação: questões sobre arte, mercado e práxis“, achamos que é extremamente relevante publica-lo aqui pois problematiza questões ainda obscuras e relevantes da questão . Além disso, esse e-mail corrige algumas informações erradas do texto anterior e exibe a visão de alguém que está totalmente imerso na pixação.
Outra resposta ao texto do [conjunto vazio], dessa vez sob uma perspectiva de revelar o que é o desejo por trás da crítica e questionar o proprio posicionamento do coletivo , pode ser encontrada aqui .
“Salve Coletivo (CV).
Meu comentário foi mais em questão de algumas colocações erradas de vocês sobre nos, Não somos o coletivo Sustos, Sustos é o nome de uma das turmas ou gangs como preferirem, Sustos é a turma que a Caroline faz parte.
Nossa revolução foi batizada de “Alem do Bem e do Mal”, varias turmas da pixação paulista resolverem se juntar a essa causa após receberem um convite que foi distribuído em points de pixadores, o mentor intelectual de todos os ataques foi o Rafael Pixo BomB porem ele precisou da minha influencia com vários pixadores para executar os ataques, eu sou conhecido por Cripta Djan entre os pixadores, foi levantando o nome da turma Cripta que fiquei conhecido no movimento.
Eu e Rafael que sempre pixamos e escalamos prédios juntos nos juntamos nessa revolução, eu como líder das ações e Rafael como mentor intelectual, vou explicar o motivo de todos os ataques para que vocês entendam melhor.
Dez do primeiro ataque nosso propósito foi o de resgatar o lado contestador da Pixação que estava perdido e inserir o movimento em uma discussão no meio artístico, começamos pelo meio acadêmico que acabou rejeitando a tese de RAFAEL PIX BOMB que defendeu em seus quatro anos de estudos na Faculdade de Belas Artes a Pixação como forma de expressão artística.
A Galeria Choque Cultural sempre disse ser a única representante da arte de Rua do Brasil, e que não tinha preconceitos com nenhum tipo de expressão urbana, então demos a eles uma verdadeira exposição de Pixação dentro do contesto do movimento que é a ilegalidade, a resposta deles foi prestar uma queixa crime na policia.
A Bienal foi um convite da própria curadoria que declarou que a Bienal daquele ano (Em vivo contato) estava aberta para intervenções urbanas, e a resposta deles foi mandar a Pixadora Caroline Piveta da Motta para cadeia.
Os atropelos aos painéis de Grafites autorizados e financiados e uma cobrança a conduta dos Grafiteiros que se renderam ao sistema e assassinaram o espírito marginal do Graffiti, pois o verdadeiro Graffiti nasceu na ilegalidade e sempre se apropriava de espaços públicos de forma ilegal, alem disso o Graffiti passou a ser usado como antídoto contra a Pixação, já que os donos dos muros empresários e Governantes perceberam que locais Grafitados não eram pixados.
Neste ultimo ataque (Painel de Graffiti dos irmãos Os Gêmeos) entra duas questões, a do Graffiti autorizado e financiado, e da prefeitura estar mais preocupada em maquiar a cidade do que cuidar de outros problemas que a ela tem, independente se o mural foi patrocinado ou não pela Associação comercial de Empresários de São Paulo, essa iniciativa poderia ser tomada para cuidar de outras necessidades muitos mais importantes que a cidade tem, um painel de Grafite não tem utilidade nenhuma a não ser de enfeitar, e do que adiante pintar um local que cheira a bosta e urina humana, onde pessoas dormem na rua convivendo com ratos e baratas, esse projeto cidade limpa é varrer a sujeira da cidade para de baixo do tapete.
A exposição na fundação Cartier em Paris foi um tapa na cara da sociedade hipócrita Brasileira que sempre reduziu a Pixação somente a sujeira e vandalismo, a única obrigação que a Pixação tem é de ser ilegal é na RUA, em outros locais como no caso da Fundação Cartier será somente representativa, e só fiz essa reprodução por que em Paris não existe nossa Pixação, e nada mais justo para a Pixação do que ser lembrada em uma exposição que retratava a historia da arte de rua mundial.
Ao todo participaram dessa revolução cerca de 100 turmas de pixadores, em vista do numero de turmas que existe ainda é pouco, muitos ainda preferem se dedicar somente a seus pixos, esse é um problema, a vaidade atrapalha muito para que aconteça um levante maior, mas estamos lutando pra mudar isso.
No caso de agora estarmos envolvidos nessa Bienal até parece que estamos nos rendendo, mas não vou estragar a surpresa sobre de que forma vamos fazer isso sem cair em contradição.
Qualquer outra duvida me avisem.
Abraço”