
O quão problemático e doloroso pode ser trabalhar coletivamente? O quão alienante e sem sentido pode ser o trabalho?
A partir da ideia banal e nada original da imagem do muro como metáfora da separação consumada na vida cotidiana e na política, a ação “Muro” propos a construção e desconstrução de um muro de pedras até a exaustão, sem falar, beber água, comer, ir ao banheiro ou parar para descansar e caso algum dos participantes desistisse não poderia jamais retornar.
A ação fracassada que teve exaustivas 9 horas de duração deixou um lastro ainda mais exaustivo – mas não menos questionador – de discussões, negociações, brigas e mal-entendidos (entre “artistas”; entre ideologias; entre os organizadores da residência e os realizadores da ação; entre o IPHAN/Funarte e os realizadores; ad infinitum). Até a realização concreta da ação ficou muito claro o processo reificado e fetichista inerente ao fazer artístico, com suas promessas “relacionais” ou “permeáveis” mas que constantemente esbarram em relações verticalizadas, burocráticas e egoicas. A simples e inútil ação de construir um muro coletivamente em um evento de arte (que se pretendia permeável e aberto) acabou por revelar estruturas não condizente com toda a retórica que clamava pelo diálogo, pela experimentação e pelo o “processo” (desde que claro, as hierarquias se mantessem).
As vezes muros podem se transformar em barricadas.
Números da ação:
Duração: 9hs; 40 segundos em média para colocar e/ou retirar cada pedra.
Dimensão: 4 x 1,70m; 13 fileiras de 42 pedras.
Pedras movidas para a construção = 546; para a desconstrução = 254; TOTAL = 800.
Peso em média de cada pedra = 5Kg; totalizando em cerca de 4.000Kg movidos.
Passos em média para colocar ou retirar cada pedra = 200; totalizando em cerca de 160.000 passos.
Distância percorrida para colocar e/ou retirar cada pedra = 100m; Totalizando um deslocamento de 80.000m ou 80Km.

























“Muro” é uma ação do [conjunto vazio] em parceria com Admre Kamudzengerere, Flávio Cro, Jairo Pereira e Maíra Fonte Boa. Realizada em agosto 2012 na Funarte MG dentro da residência Permeabilidades promovido pelo CEIA (Centro de Experimentação e Informação de Arte).